HomeIndiesReview do Jogo WrestleQuest: Uma Aventura Épica de Luta Livre e Fantasia

Review do Jogo WrestleQuest: Uma Aventura Épica de Luta Livre e Fantasia

Desde os primórdios dos anos 90, a fusão entre a luta livre e os videogames tem sido uma relação fascinante. O que começou como uma abordagem mais arcade, retratando os exageros e as histórias extravagantes da era da atitude, evoluiu para uma experiência mais complexa à medida que os fãs construíam seus próprios personagens e escalavam a hierarquia. Contudo, o desenvolvedor Mega Cat Studios está dando um passo à frente, introduzindo elementos de RPG para contar uma narrativa grandiosa que acompanha o sonho de um lutador de se tornar o melhor no emocionante mundo de WrestleQuest.

https://youtu.be/uZQa27rEy3o?si=AuUVMKz05HyFw3Ph

WrestleQuest encontra inspiração nos jogos de luta livre dos arcades, apresentando personagens em estilo “chibi” e um cenário repleto de fantasia. Embora o mundo possa parecer aleatório à primeira vista, ele espelha os desafios que os lutadores enfrentam ao subir na hierarquia rumo à fama. A história central segue o trajeto de Muchacho Man Savage, um brinquedo que evoca a memória do icônico Macho Man Randy Savage. Muchacho sonha em se tornar como o lendário Randy Savage, um dos maiores lutadores de todos os tempos. Porém, a linha tênue entre realidade e fantasia se torna cada vez mais borrada à medida que testemunhamos a jornada de ascensão de Muchacho rumo ao estrelato.

Paralelamente à saga de Muchacho, conhecemos também Brink Logan, um protagonista de origens diferentes, porém com uma jornada semelhante. À medida que novos personagens entram em cena e se unem à aventura, a trama assume contornos de uma autêntica busca de RPG, recheada de trocadilhos e humor. Apesar de momentos emocionais pontuarem as trinta horas de jogabilidade, é o desejo inabalável de superação que impulsiona a experiência de maneira predominante.

WrestleQuest oferece escolhas que influenciam a trama principal, afetando aspectos do personagem e até mesmo inclinando-o para um território “heel”. Isso agrega um fator de replay ao jogo, incentivando os jogadores a explorar diferentes caminhos. No entanto, minha jornada pessoal para alcançar o ápice da excelência no ringue foi única e eu não senti a necessidade de revisitar as linhas narrativas que deixei para trás.

Para os fãs ávidos da luta livre, ansiosos por verem suas lendas favoritas como Jake the Snake ou André the Giant, um pouco de paciência será necessária, visto que o início do jogo estabelece as bases da narrativa. Embora isso seja esperado de um entusiasta do gênero, é importante mencionar que a história é densa e os trocadilhos, apesar de divertidos, talvez não sejam suficientes para manter o interesse durante as longas sequências narrativas.

Além disso, algumas missões parecem acontecer sem um propósito claro, deixando o jogador se questionando sobre o porquê de estar executando determinadas ações. A sensação de ser conduzido pelo jogo sem um motivo aparente é mais notável durante a fase inicial, causando confusão sobre as regras do universo e o contexto das situações.

Uma das partes mais frustrantes da experiência é a repetição constante das mesmas falas pré-gravadas ao longo da história. A abordagem de ter personagens como brinquedos que repetem um número limitado de frases pode se tornar cansativa durante os diálogos. Embora não seja uma característica presente em todas as caixas de texto, a voz de Randy Savage, por exemplo, pode rapidamente perder o apelo. Uma opção para desativar apenas as vozes seria bem-vinda.

O gameplay adota uma abordagem reminiscente dos JRPGs da era do Super Nintendo, em que os jogadores exploram um mapa do mundo, visitam diversas cidades e adentram masmorras. Embora o jogo faça pequenas referências à luta livre, a aventura se desenrola predominantemente no âmbito da fantasia. As masmorras variam de depósitos de lixo a selvas e regiões nevadas, adicionando diversidade a ambientes de nível superficial que se harmonizam surpreendentemente bem com os temas do jogo.

O mérito do sucesso da harmonia entre os temas vai para o belo design das masmorras. Ainda que alguns elementos se repitam, cada masmorra oferece uma combinação de caminhos alternativos para tesouros escondidos e soluções únicas para superar os obstáculos. Entretanto, o mapa raramente se mostra útil para orientação, especialmente em labirintos com design similar, o que ocasionalmente acrescenta momentos de confusão à experiência.

A exploração das cidades segue uma fórmula similar. Apesar do fascínio inicial ao entrar, logo percebemos que elas são um tanto grandes para a quantidade de conteúdo oferecido. As lojas oferecem equipamentos, armas e armaduras, porém estas geralmente se limitam a incrementos de estatísticas. A identificação das lojas no mapa é similar, podendo levar o jogador a visitar a mesma loja diversas vezes.

A limitação de velocidade durante a exploração é um ponto de irritação. Embora possamos aumentar a velocidade máxima pressionando um botão, a diferença em relação à caminhada normal é marginal. Quando nos deparamos com inimigos nas masmorras, eles podem nos perceber e atacar instantaneamente, sem chance de escapar. Embora evitar os encontros seja uma opção, isso pode resultar em desvantagem posteriormente.

O sistema de batalha adota uma abordagem inovadora, lembrando os fundamentos dos RPGs baseados em turnos, mas adicionando uma essência singular do mundo da luta livre. Ataques e habilidades básicas exigem pontos de ação (AP) para serem utilizados. Aqui também se encontra a oportunidade de configurar habilidades de dupla. Ademais, um gerente fornece bônus ao grupo e auxílio contra chefes. Porém, mesmo durante batalhas prolongadas, a derrota não esteve próxima. A duração dos encontros básicos é um pouco prolongada devido às animações dos ataques.

Os eventos de tempo rápido, presentes em quase todos os ataques, podem ser um ponto de descontentamento. Esses eventos requerem pressionar um botão no momento certo para maximizar o dano ou bloquear contra-ataques. Embora sejam rápidos, a constante repetição de diferentes sequências pode tornar a experiência avassaladora, especialmente após horas de jogo.

Para derrotar um inimigo, é preciso imobilizá-lo. Essa mecânica é aplicada apenas a lutadores humanos e exige um evento de tempo rápido, em que você tem dez segundos para acertar o botão no momento correto três vezes. Um erro resulta na recuperação da saúde do inimigo e a necessidade de repetir o processo. Felizmente, é possível desativar essa função no menu. Contudo, algumas batalhas ainda exigem o uso dessa mecânica.

Conclusão: Uma Jornada Única

E assim, WrestleQuest se revela como uma experiência singular, conduzindo o gênero JRPG a um território inexplorado de luta livre e fantasia. Sua narrativa inteligente e elenco carismático desafiam o jogador a entregar golpes poderosos, rivalizando com aqueles que buscam o mesmo objetivo. Embora alguns sistemas e decisões de design possam apresentar desafios, o charme abundante presente nesta aventura faz valer a pena a jornada. Afinal, como afirmou a Noisy Pixel, WrestleQuest é uma pérola a ser trazida para casa.

NÃO DEIXE DE CONFERIR MAIS REVIEWS AQUI OU NA NOSSA CURADORIA NA STEAM.

Mais recentes

RPS Games
RPS Games
Apaixonado por games desde sempre, tive o prazer de acompanhar grande parte da evolução e decadência do mundo dos games. RPG, Ação, Aventura, FPS, etc etc etc jogo quase tudo.

Deixe um comentário!

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.