Ravenbound não se contentou em combinar apenas Roguelikes e desafios à Souls. O jogo adicionou um mundo aberto e mecânicas baseadas em cartas à mistura, mas essa mistura acabou sendo sua queda. A ambição é evidente, porém, ao tentar abraçar tantos elementos, Ravenbound acaba se tornando superficial. A constante mistura de ingredientes resulta em um tom acinzentado, onde as características individuais não se destacam.
Vamos dissecar Ravenbound e examinar seus componentes detalhadamente, começando pelo mundo aberto de Avalt. O mundo outrora grandioso de Ravenbound agora está em decadência, reduzido a ruínas após a traição de seus protetores. Para reerguê-lo, os antigos guardiões conjuram um espírito de corvo para habitar corpos e lutar. A premissa é interessante, porém, mal desenvolvida. A narrativa se desenrola principalmente através de diálogos monótonos e insuficientes, entregues por NPCs ou mensagens crípticas em pedras. Ravenbound conta muito, mas mostra pouco.
Apesar disso, a exploração do mundo aberto tem seus méritos. Os cenários são visualmente atraentes, repletos de estruturas antigas tomadas pela natureza. Voar sobre a paisagem, alternando entre céus ensolarados e chuvas torrenciais, proporciona momentos imersivos. No início, voar a baixa velocidade, admirando a paisagem, era um deleite. Como corvo, a capacidade de voar oferece um método de deslocamento único. Transformar-se em um guerreiro alado e mergulhar sobre os inimigos desavisados é sempre satisfatório.
Entretanto, a superficialidade do mundo aberto é um problema persistente em todo Ravenbound. Poucos elementos interessantes existem fora das áreas de combate designadas pelo mapa. Ícones revelam locais de confronto, nos quais você se aproxima, luta e retoma o voo. No entanto, a transformação em corvo é restrita a pontos predefinidos, resultando em caminhadas tediosas após cada confronto. Essa limitação prejudica a experiência de mundo aberto, minando sua promessa.
O sistema de combate é outro ponto focal. Segue a fórmula padrão de ataques leves, pesados, bloqueios e esquivas. Sobreviver depende de reflexos apurados e da leitura de padrões inimigos. Funciona de forma competente, embora não seja particularmente envolvente. A variedade de inimigos ajuda a manter o interesse, apresentando desde bandidos até trolls e criaturas místicas. Contudo, o combate contra grupos maiores é prejudicado pela câmera que se aproxima demais, tornando a dificuldade desafiadora demais em alguns momentos.
Um destaque positivo é o sistema de cartas, o qual eu pessoalmente apreciei. Após abrir baús ou coletar fragmentos, você recebe cartas contendo novas armas, armaduras ou melhorias. No entanto, é necessário gerenciar o uso de mana para ativá-las. Embora as cartas não alterem drasticamente o estilo do personagem, elas acrescentam um elemento interessante de risco-recompensa. Acumular muitas cartas resulta em “ódio”, fortalecendo os chefes. O sistema de cartas enriquece a estratégia, mas ao mesmo tempo, introduz mais elementos aleatórios.
As batalhas contra chefes são o ponto em que os sistemas de jogo se entrelaçam mais efetivamente. Enfrentar um chefe colossal, brandindo uma arma com o dobro do seu tamanho, é um desafio único. Embora seja decepcionante que cada chefe tenha uma armadura visualmente idêntica, o foco no combate 1 contra 1 gera tensão genuína. Com poucas opções de cura, um erro em esquiva ou bloqueio pode ser fatal. Superar esses confrontos é uma das experiências mais gratificantes em Ravenbound, apesar de algumas batalhas parecerem injustas.
Notavelmente, evitei discutir o aspecto Roguelite por um motivo simples: não acredito que seja a força do jogo. Roguelites, por natureza, exigem repetição constante. Para que isso seja cativante, a jogabilidade deve ser intrinsecamente empolgante, e esse não é o caso de Ravenbound. Antes de cada chefe, uma missão secundária básica e coleta de fragmentos são necessárias. Então, enfrenta-se o chefe e repete-se o ciclo. A variabilidade nos inimigos acaba sendo limitada, resultando na repetição de padrões. Morrer repetidamente contra o mesmo tipo de inimigo no caminho para o mesmo chefe é frustrante e revela a falta de profundidade.
Em resumo, minha opinião sobre Ravenbound é de admiração, mas não de entusiasmo. A tentativa de fundir diversos elementos é digna de reconhecimento, porém, o resultado não é tão satisfatório quanto se espera. As ideias interessantes se perdem na superficialidade da experiência. Se você busca um jogo que experimenta com várias mecânicas, Ravenbound pode valer uma olhada. Contudo, recomendaria com cautela a outros jogadores em busca de uma experiência mais envolvente e coesa.
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